31 dezembro 2007

fim-de-ano

Feliz 2008!!!!!!

Que 2008 vos traga tudo o que há de melhor na vida!
Boas "passagens" para todos.
Um beijão

24 dezembro 2007

Noite do Mercado- I wanna whish you a Merry Christmas




Toca a cantar, malta, que esta época é de alegria!


Querem melhores votos que estes? Cá na ilha sabemos divertir-nos, não é?

noite do mercado-23 Dezembro- Funchal

O ano passado, mostrei-vos a Noite do Mercado vista de fora. Este ano não fui lá baixo, ver as coisas ao vivo, mas espero que estas imagens vos mostrem como é vivida esta noite dentro do Mercado, mais precisamente na Praça do Peixe. Aqui se junta o povo, todo feliz, para cantar canções de Natal durante uma hora, mais precisamente entre as 23 e as 24 horas. Todos os espaços ficam cheios, nomeadamente nas varandas superiores, que aqui não se vêem bem. A partir de certa hora é impossível lá entrar. O ano passado filmei esta festa por fora dos portões que se vislumbram neste vídeo, por trás dos animadores.
Nas ruas circundantes ao mercado há uma multidão alegre, que vai bebendo, comendo e cantando pela noite fora. Muitos há que só arredam pé quando o dia começa a amanhecer.
É assim que se vive muito do Natal madeirense, sem contar com as Missas do Galo, que antecedem o Dia de Natal e que começam de madrugada.
Não há consoada, pelo menos como tradição, mas eu vou fazer a minha. Este ano é em minha casa. Vou juntar a família, pelo que passei o dia a preparar a ceia de amanhã, a fazer a árvore de Natal e o presépio. Estou estourada. Essa a razão pela qual não fui ao Funchal, ver esta festa ao vivo.
Aqui vos deixo com parte da transmissão realizada pela RTP/Madeira, que também foi transmitida pela RTP/Internacional.
A voz que se ouve no princípio é do jornalista Paulo Santos, mas o João Carramanho também lá esteve, a fazer os exteriores do Mercado.
Um Bom Natal para eles, pelos momentos lindos que nos proporcionaram.

Um Bom Natal para todos.



21 dezembro 2007

Natal é Amor

Não é segredo: todos os que me conhecem sabem que tenho pavor de trovoada. Vá-se lá explicar estes medos, com alguns fundamentos, diga-se de passagem, mas que tanta gente não tem. Eu tenho e assumo! Não temo gente, mas a Natureza infunde-me respeito.
Meus filhos sabem disso e conhecem o truque que uso, quando estou sozinha, à noite, debaixo de trovoada: oiço música num pequeno transistor. Acalma-me e faz com que o barulho dos trovões seja menos ouvido. Embora, diga-se de passagem, me assuste aquele pequeno vibrar do som, quando o raio interfere com a transmissão, avisando-me que vem aí novo trovão.
Com tanta mudança cá em casa perdi-o de vista. Não sei onde anda e na última trovoada lá me fui consolando com a ideia de que não é por ter um homem ao lado que o raio evita cair sobre mim.
O meu filhão, hoje, resolveu o problema: ofereceu-me um MP3, com capacidade para MONTES de músicas. Deve dar para uma noite inteira!
Fiquei toda feliz. Em primeiro lugar, porque achei lindo o gesto, o carinho e cuidado que lhe estavam subjacentes. Em segundo lugar, PORQUE NUNCA TINHA TIDO UM MP3!!!!!!

Entrei na nova era! IUPI!!!!

Parecia uma menina a quem tivessem dado o presente mais inesperado. E FOI!!!!! Eu, a quem as novas tecnologias fazem mais confusão do que os trovões, vou ter agora de enfrentar o novo desafio de aprender a lidar com este pequeno aparelhinho fabuloso, que me irá acompanhar as noites de trovoada ... e não só.
Foi o presente de Natal que ele escolheu para mim. ADOREI! Tanto quanto adoro esta foto com meu filho mais velho, onde os olhares cruzados expressam tanto carinho. Já não é nova. Foi do ano passado, mas deixo-a como a imagem mais linda de amor que vos posso transmitir para vos desejar um Natal bem feliz.
Com tanto carinho quanto o da foto.
Com prendas lindas e inesperadas.
Sem medos.
Com novos desafios pela frente.
Assim espero que também seja o meu!
Um beijão para todos os visitantes, visíveis ou ocultos. Bem hajam!
Um feliz 2008
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17 dezembro 2007

Vou ver a lua!

Quatro anos viveu o Paulo cá em casa e nunca ganhou o hábito de, antes de irmos dormir, retirar a chave da porta da rua e colocá-la por dentro. Essa era sempre uma função que me competia, que eu já fazia quase mecanicamente.

Um dia, meio matreira, disse-lhe: "Sabes, uma das funções dos maridos é garantir a segurança da casa e da sua mulher. Por que é que nunca verificas se a chave já está por dentro?"

E ele, naquele seu jeito cândido de arranjar as melhores desculpas do mundo, respondeu com ar quase espantado: "Pensei que ias ver a lua!" Dei uma gargalhada. "Pois!"

Com efeito, naqueles breves momentos rotineiros, quase que instintivamente, deixo-me sempre fascinar pela noite. Gosto de olhar a paisagem no escuro, o brilho das estrelas e, se a lua está bem rechonchuda, verdade seja dita, fico ali a olhá-la durante uns largos minutos. Uma espécie de calma assola-me o peito.

Pois bem! Há pouco, já a preparar-me para ir para os braços de Morfeu, olhei para a porta para verificar se a chave estava por dentro. Claro que não estava, porque agora isso só depende de mim. Disse para mim mesma: "Olha, vou ver a lua!"

Um sorriso aflorou-me aos lábios com a lembrança daquele momento. Depois dei uma gargalhada.

E então decidi: hoje vou mesmo ver a lua!

É isso que vou agora fazer.

Durmam bem! A casa está segura!

09 dezembro 2007

"Barra de Maria" ou de Natal


Ainda se lembram da "barra de Maria", de que vos falei o ano passado, por esta altura? Hoje acordei e foi a primeira coisa que vi, quando abri a porta da rua. Não quis deixar de captar o momento. Fiz bem, pois à hora a que estou a escrever este post a nuvem já praticamente desapareceu. Há anos em que fica por alguns dias. Será que volta?
Para quem não sabe, este é um fenómeno atmosférico que acontece na Madeira, normalmente em Dezembro, o que levou a que os antigos o apelidassem de "barra de Maria" ou "barra de Natal". É uma nuvem espessa, em declive, começando grossa e alta no cimo da serra e descendo de forma mais reduzida até ao mar. Este ano apareceu espessa, com o alto da nuvem encapelado, como onda gigantesca que se dobra. Diziam os antigos que quanto mais alta e espessa mais frio estava para vir. Hoje, o dia está solarengo e nada frio, pelo menos por enquanto. Será que a temperatura vai mudar?
Minha mãe, ainda sapiente destas coisas, já disse muitas vezes, este ano, que "este inverno vai ser rigoroso".
Esperemos para ver como se saem os palpites dos antigos!
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presépio à moda antiga

Em muitas casas madeirenses ainda se faz este tipo de "lapinha" ou presépio muito antigo. A peça importante é o Menino Jesus, a quem, antigamente, se pediam as prendas de Natal.
Nas escadas que servem de pedestal ao Menino são colocadas "searinhas", pequenos vasos onde se semeia trigo uns tempos antes do Natal e que, nesta altura, já têm de estar bem verdinhos. Laranjas e maçãs são outros pormenores que não podem faltar, assim como que a agradecer a colheita da época e a pedir que a próxima seja também boa. São prendas e agradecimentos ao Menino.
A decoração conta também com "cabrinha", uma espécie de galhos bem verdinhos. O "alegra-campo", uma espécie de corriola, completa o conjunto, adornando o arco por cima da figura central.
Este ano, junto ao Palácio de São Lourenço, foi colocada esta expressão da tradição madeirense. Apenas com luzes, claro, mas é o suficiente para que não esqueçamos as tradições.
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"Lapinha"




O ano passado andei que tempos para encontrar uma "lapinha", o típico presépio madeirense. Pois bem! Este ano tiveram sorte! Há um, enorme, no Largo da Restauração. Faz parte das decorações natalícias que anima as ruas do Funchal. Aqui ficam alguns pormenores. Não o consegui apanhar totalmente, por ser de noite. Se me afastasse demasiado, a câmara não teria flash suficiente para apanhar estes pormenores.
Reparem no "bailinho" que anima uma das partes da lapinha. No pormenor dos muros de pedra que separam os "poios" cultivados. Nas casas subindo a encosta, tal como acontece no anfiteatro natural que é a baía do Funchal. Enfim, divirtam-se. Se quiserem ver mais é só apanharem um avião!...




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A "Festa" chegou!


A iluminação e animação de Natal do centro do Funchal foi oficial e totalmente inaugurada no passado dia 7 de Dezembro. Já cheira a Natal. Há bandas filarmónicas e grupos folclóricos a animar a cidade com os seus espectáculos itinerantes e outros espectáculos mais fixos. As ruas enchem-se de gente, nas últimas compras de "presentes" ou, simplesmente, pelo prazer de apreciar a iluminação e decorações que se espalham pela cidade. É um espírito muito nosso, este o de viver "a Festa", como antigamente se chamava a este período de Natal e Fim-de-Ano, expressão que a actual Secretária do Turismo incentiva a que se recupere.
Ao contrário do que acontece no Continente, não existe o costume da consoada em família. Natal é para ser vivido na rua, nas Missas do Parto, nas visitas a amigos e familiares, para se provar o tal licor especial, feito em casa, o bolo-de-família ou o de mel, as broas...
Aqui fica um "cheirinho" a "Festa"!
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05 dezembro 2007

imagem colorida


Deixo-vos com uma imagem bem colorida, para alegrar os dias de inverno que por aí andam. Está no tempo da apanha da anona e já aparecem muitas caídas de maduras, no chão.
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rosinha amarela

Neste vaso grande há três roseiras mini: de rosas brancas, amarelas e vermelhas. Neste momento só temos as duas primeiras. A vermelha já deu. A do vaso pequeno já não me lembro de que cor é. Teremos de esperar para ver o que dali sai.
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já tem mais cor

As babosas, ou aloés, estão quase no auge. Reparem na foto da direita, como uma delas curvou a haste até ao chão e depois voltou a subir, apenas para dar uma flor.
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roseira nova

Lembram-se desta roseira, que há tempos deu uma flor pequena lá no alto? Agora tem esta e mais um botão. Engraçado! Só dá flores na ponta dos ramos, que são altos. Tive de a puxar para baixo, para a poder fotografar de frente.

Embora já não esteja no seu esplendor, em termos de beleza, tem um perfume muito agradável.
Tenho estado a aproveitar estes dias sem chuva para pintar as cercas novas do jardim em frente da casa. Pintei-as de verde, para não causar demasiado impacto visual com cercas brancas. Já bastam as que separam os jardins.
Falta fazer a porta, mas para isso é preciso serrar mais madeira e não tenho tido os pulsos capazes de tanto exercício.

Sempre quero ver se é desta que consigo impedir as cadelas de irem para dentro deste jardim. Pode ser que, assim, lhe consiga dar a forma que pretendo. Aquelas malandras escavacam tudo.




02 dezembro 2007

tentativas

Andei a pintar o banco em frente da casa. Estava com a pintura toda estragada devido ao facto de os cães se terem apoderado deste sítio. Andam sempre em cima dele. Pois bem, na primeira foto podem ver a primeira tentativa. Deixei o rebordo cor-de-laranja da cor que lá estava.
Achei que ficava ali uma cor estranha e pintei tudo de preto. Só de olhar, fiquei com uma depressão! LOL
Hoje, resolvi dar um toque de amarelo. Não é que tenha ficado tão mal quanto isso, mas não deu o brilho que eu esperava. A solução será pintar todo o rebordo amarelo com a cor laranja inicial. Tenho de arranjar tinta igual. Paciência. Ainda não foi hoje que ficou pronto.

01 dezembro 2007

colite ulcerosa-resposta à carla e a quem interessar

Ando há muito tempo a pensar escrever sobre a colite ulcerosa, porque é daquelas doenças de que ninguém quer falar, mas cujo número está a aumentar. Aproveito a pergunta que me foi feita no post anterior para dizer aquilo que sei e sinto sobre o assunto.
Muito pouca gente sabe o que é esta doença e que efeitos provoca. Mais que isso: nem os médicos sabem por que aparece e desconhecem a cura, pelo menos até agora. Moral da história: é uma doença crónica e incurável, à luz dos actuais conhecimentos. Assim sendo, quando digo que a jardinagem me “curou”, estou a falar em termos de me ter ajudado a ter menos crises. A doença está cá e sinto-a sempre presente.
Vamos por partes.

O que é a colite ulcerosa?
É uma doença intestinal, que atinge a parte final do intestino. Na essência, o doente vai perdendo a parte interna do seu intestino. A pessoa começa a notar um muco transparente, tipo gelatina, nas fezes. Essa é a primeira camada que se perde. Tempos mais tarde esse muco fica mais denso, parecendo gordura de frango. É de cor mais amarelada. Nesta fase já é usual começar a sair sangue nas fezes, pois a perda da camada interior do intestino leva a que se formem feridas na parede do mesmo. Todas estas fases são acompanhadas por diarreias fortes, inesperadas e dificilmente controláveis. Dito em bom português: é uma incontinência fecal. Não há como esconder. Nem com fraldas. Basta imaginar um bebé com fralda suja. Toda a gente nota. Imaginem um adulto! Imaginem o que é passar por uma situação destas em público. Na rua, no supermercado, no cinema…. Como é que se vai para casa? Como é que se muda de roupa?
NOTA: A colite, vulgarmente conhecida por “intestino irritável” tem muitos destes sintomas, mas é uma doença menos grave e não deve ser confundida com a colite ulcerosa.

Consequências da doença:
Os nossos intestinos, por dentro, têm uma espécie de rugas, dobras, cujo objectivo é fazer com que as fezes demorem mais tempo a passar na fase final do intestino. É nessa parte que os nossos intestinos absorvem os nutrientes da comida ingerida e os líquidos necessários ao nosso organismo. Logo, ao perder a parte interna, o intestino fica mais liso, as fezes passam muito mais depressa e não absorvemos os nutrientes necessários. Uma das consequências é a perda de peso. Só num mês, numa altura em que tive uma crise mais grave, cheguei a perder 8 quilos.
A doença tem dois riscos graves. Um deles é o rompimento do intestino. Isto é, as feridas que se vão formando podem chegar a corroer a parede do intestino, formando um buraco. É uma situação de EMERGÊNCIA. As fezes que saírem por esse buraco espalham-se no interior do nosso abdómen, podendo provocar uma peritonite, tal como acontece numa apendicite aguda. A pessoa tem de ser imediatamente operada.
O segundo risco é o cancro. Quem tem esta doença tem mais probabilidades de ter cancro intestinal, o que não quer dizer que aconteça. Daí a necessidade de se ir fazendo exames.

Stress e comida

A única coisa que a medicina parece já ter conseguido saber é que esta doença está associada ao stress e à comida, embora em relação a esta última haja opiniões médicas contrárias. Isto é, há médicos que acham que a comida não tem interferência no processo. Outros pensam o contrário.
Quando saí do hospital, a lista de alimentos que não podia comer era tão vasta que fiquei em choque. Adoro comer de tudo e saber que não podia comer fibras, produtos lácteos, verduras, frutos secos, café…Fumar também é desaconselhável.
Bem! Uma coisa é certa: tudo o que provoque gases deve ser evitado. Por uma razão simples: os gases fazem inchar o intestino. Se a parede deste tem feridas e está fragilizada, a distensão provocada pelos gases faz com que tenhamos dores e agrava o sangramento. As fibras, (que são aconselhadas a quem tem colite não ulcerosa) também devem ser evitadas, pois como são mais duras, “raspam” o intestino ao passarem e fazem aumentar as feridas e o sangue perdido. Feijão, grão, favas, castanhas, ervilhas, feijão-verde, bróculos (aliás, quase tudo o que é verde), nozes, amêndoas, leite, iogurtes, queijos são das coisas a evitar. Abóbora e cenoura são óptimas. Massas e puré de batata também. Alfarroba (que no continente se dá ao gado, mas que aqui na Madeira comemos como fruto seco) é óptima. Aliás, há um refrigerante sem gás (IKA, passe a publicidade) que tem alfarroba na sua composição e com o qual me dou muito bem.
Tomar medicamentos para evitar gases intestinais é uma das coisas aconselhadas. Beber chá de funcho (bom para os gases) ou de hortelã também ajudam. Chá e xarope de pau d’arco são óptimos.

Nada disto resultará se o principal, isto é, o stress, não for evitado. Essa foi a razão que me levou a pedir este horário, pois permite-me trabalhar semana sim, semana não. Foi isso e a calma que a jardinagem proporciona que me ajudaram, durante estes dois últimos anos, a não ter tantas crises agudas. Mas isso não quer dizer que não as tenha.

CUIDADO COM O FRIO:
Não sei explicar porquê, mas a verdade é que as diferenças súbitas de temperatura provocam uma cólica. Basta ir a um supermercado e passar na zona dos congelados ou entrar numa loja com o ar condicionado muito frio. É quase imediato e é uma característica que eu e as minhas duas irmãs que têm esta doença temos em comum. Não sei se acontecerá o mesmo com as outras pessoas que têm a doença. Aprendam a ver a que reage o vosso corpo.

Trauma psicológico
Quase mais grave do que os efeitos físicos, que podem ser amenizados com a medicação, é preciso ter atenção à parte psicológica do doente. A pessoa começa a ganhar medo de sair à rua. Medo de ter uma cólica em público e não conseguir chegar a uma sanita a tempo de evitar ficar toda suja. Costumava dar passeios a pé, à noite. Deixei de o fazer. Eram um pesadelo para mim.
A parte da manhã, logo que nos levantamos, é a parte mais problemática. Uma pessoa põe os pés no chão e, por vezes, nem tem tempo de chegar à casa-de-banho. Para mim, quando estou com crises agudas, estou dependente da sanita até por volta das 11 horas. Sair logo de manhã é outro dos meus pesadelos, e a própria angústia que sinto acaba por provocar a crise.
Tenho a vantagem de trabalhar das 14 às 21 horas, mas outra das horas problemáticas é entre as 15 e as 17 horas. Aprendi que comendo pouco ao almoço, passo melhor a tarde.
A parte sexual também é afectada. Imaginem o que é uma pessoa com dores de barriga e com esta inchada. Os próprios movimentos sexuais ajudam a que apareça a vontade de defecar. Não é fácil, nem para o doente, nem para o seu cônjuge, ter de interromper o acto muitas vezes e nem sempre o cônjuge compreende que não é uma desculpa para se evitar o sexo nessas alturas.
Logo, esta doença também afecta quem está por perto. Até mesmo na rua. Não é agradável estar a passear com alguém que, de repente, fica a cheirar mal.
Como é uma doença humilhante, quem a tem não o diz. Até mesmo em termos laborais é complicado, pois numa crise temos muitas vezes que faltar ao serviço. O meu erro foi ir trabalhar mesmo muito doente e acabei por ter de ser internada cinco dias a soro. O médico passou-me um mês de baixa e, no entanto, só fiquei uma semana em casa, pois não podia perder tanto tempo de ordenado. É que a baixa paga pela segurança social (65%) nem sempre chega no mês em que se falta, mas as contas para pagar não esperam pelo mês seguinte.
Aprendi uma coisa: esconder a doença agrava o stress. Estamos sempre com medo que alguém descubra. Pois bem, eu fiz exactamente o contrário: contei aos chefes e aos colegas, principalmente àqueles com quem saio em serviço. Peço-lhes que me ajudem, no caso de me sujar em público. Digo-lhes que me vou sentir muito humilhada e que espero que me ajudem a sair rapidamente do local. Imaginam o que é estar numa inauguração, cheia de gente, no meio da serra ou numa cerimónia pública e ter uma situação dessas?

A Medicina
Como é que os médicos tratam a doença? Receitando corticóides nas fases agudas e um medicamento que tem de ser tomado todos os dias. Eu tentei tomar este último, mas notei que ficava muito pior. Logo nos três primeiros dias já não me aguentava com diarreias fortíssimas. Deixei de tomar esse medicamento, pois tentei as variantes que havia no mercado, por receita médica, e faziam-me o mesmo efeito. Há dias falei com um senhor cujo filho sofre desta doença e ele disse-me que o filho sofria do mesmo. Também parou de tomar esse medicamento e melhorou.
Agora, quando sinto que estou a começar a ter uma crise mais forte, tomo só o corticóide. Isso corta a crise logo no início e evita que eu fique mais doente.
CUIDADO: a cortisona provoca habituação e quando é tomada deve ser feito o desmame, isto é, tem de se ir reduzindo a dose lentamente, até o corpo deixar de precisar da cortisona. Parar de repente é UMA ASNEIRA!

Moral da história:
Descubram o que vos provoca o stress e tentem evitar ou reduzir essas situações.
Não tenham vergonha de dizer que têm esta doença. Ninguém tem culpa de a ter e pode acontecer a qualquer um, embora seja mais frequente a doença aparecer na adolescência.
Aprendam a ver que tipo de alimentos vos fazem mal e só os comam quando se sentirem melhores. Mesmo assim, evitem comê-los todos os dias.
Quando saírem levem sempre uma muda de roupa: cuecas, collants e calças. Podem ter de os mudar fora de casa. Tê-los à mão dá-nos confiança. Logo, reduz o stress.
Tentem saber onde fica a casa de banho mais próxima, quando saírem de casa. Cafés, WC públicos e até de hotéis são “roteiros” a ter sempre à mão.
Eu tenho um truque: como demorei a acostumar-me à ideia de defecar em casas de banho públicas, ando sempre com um frasco de perfume. Ao menos sinto que deixo a casa de banho perfumada e isso ajuda-me a ultrapassar a vergonha.
Arranjem uma frase que vos ajude a ultrapassar os momentos depressivos que a doença provoca. A minha é assim e desculpem a crueza da expressão, mas é que esta doença é mesmo cruel: “Olha, estou-me a cagar para tudo!” E riu-me de mim mesma. Sempre ajuda a ver a coisa com algum humor.
Saibam que os outros vão ter pena ou gozar da situação. Conviver com isso é um dos preços a pagar.
Não é fácil.
Espero ter ajudado. A quem tem a doença e àqueles que convivem com essas pessoas.


A lei
A doença crónica está salvaguardada no actual Código do Trabalho português, mais precisamente nos artigos 73º a 78º, bem como nos artigos referentes ao trabalho a tempo parcial (180º a 187º), ao abrigo dos quais tenho este regime de trabalho.
Cuidado: trabalho a 50 por cento, mas só recebo metade do ordenado. Estes últimos artigos permitem o trabalho a tempo parcial a partir dos 75 por cento, mas implicam a correspondente perda de salário.

Enfim!
Não precisamos de pena. Apenas de compreensão e ajuda.
Boa sorte para a mãe da Carla. Espero ter ajudado. Ajudem-na a passar esses momentos.


Eu, por mim, faço tudo para me manter feliz e evitar que a doença me derrube. É esse o melhor caminho. Força!