28 junho 2006



Deixo-vos

o meu

coração!

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

RASCUNHO PARA UM TESTAMENTO
27/03/81


Já vivi 38 anos.
Neste milésimo cigarro do dia
começo a preocupar-me com as coronárias.
Preparo um whisky para completar o ritual...

Senhor advogado estas são as primeiras notas, para o caso do inevitável evento:

1º Não deixo bens. Plantei poucas sementes, entretanto, o solo anda meio árido.

2º Deixo minha pele. Está um pouco marcada: Alguns riscos. Foram artes da infância. Outros, porradas da vida.
Vê-se que não é muito bonita mas bem tratada servirá como agasalho.
Outra opção é curtí-la bem; poderá redundar em boa sola.

3º Meus olhos eram bonitos. Hoje apresentam vestígios do pterígio operado e outro por operar.
Mesmo assim, são expressivos - Enquanto vivos.
Leve-os imediatamente a um banco de olhos, pois as córneas são aproveitáveis.

4º As vísceras poderão alimentar qualquer cachorro faminto. Não as deixe estragar.

5º A gordura ( Fiquei um pouco obeso nesta puta vida pequeno burguesa) fornecerá bom óleo para qualquer candeeiro precisado.

6º Meu cérebro- pobre cérebro -tem muito fosfato. Adube qualquer terreno estéril.

7º Do resto façam o que quiser.
Os ossos darão bons artesanatos ou, se triturados, bom adubo também.

NB: Quanto ao coração deixem-no sossegado.
As coronárias estão meio obstruídas, mas o
coração é grande...É bom.
Enterrem-no em lugar simples e bucólico.
Não demarquem o local.
Tenho certeza que lá brotarão flores.
Corpo presente de amores deixados.

Amaury da Silva Rego - Rio de Janeiro, Brasil

28/6/06 11:20  
Blogger anete joaquim said...

Este poema dá que pensar!
Deixa a sensação de que o autor só deixa aos outros aquilo que menos valoriza. Ao mesmo tempo, essa ideia indicia um certo orgulho de si mesmo: tudo o que tem, mesmo que poído pelo tempo, tem tal valor, que para alguma coisa há-de servir.
No entanto, o que considera bom, não dá!
A ideia final, a de que de amores deixados hão-de nascer flores, é a única que subscrevo...

"Deixo-vos o meu coração!" foi escrito antes de ir jardinar. Tem duplo significado. Para vos deixar uma imagem bela (a do coração-flor da foto), enquanto estivesse ausente. Para vos dizer que, mesmo lá fora, estaria pensando naqueles que me visitam aqui. Quis dar o meu melhor.
De qualquer forma, agradeço o poema. Deduzo que foi uma simples associação de ideias que o trouxe à tua memória.
Um contributo cultural vale sempre a pena.

28/6/06 17:09  
Anonymous Anónimo said...

¡Hola Anette!
¿Me podrías decir el nombre de esta planta de flores rosas?. En verano regreso a Madeira y me gustaría poder saber el nombre para intentar comprarla. Me ha encantado tus "canteiros". Todas tus flores están precisosas.

Rosaterciopelo

Gran Canaria-España

2/11/07 21:03  
Blogger anete joaquim said...

rosaterciopelo
es una begónia, pero no será facil encontrarlas à vienda.
gracias por tu comentarios.

7/11/07 02:18  

Enviar um comentário

<< Home