
A tangerineira, um dia, deu-lhe para a tristeza. Dizem que é doença de citrinos. Vá-se lá saber! O que é certo que é os ramos se tornaram duros e negros, quais tições de pedra, que não se deixam cortar com facilidade. Antes da doença dava sumarentos e doces frutos. A escassez da seiva foi-lhes reduzindo o tamanho. Tornaram-se secos. Teimosa, no entanto, a árvore continua lutando. Ajudo-a no que posso. Podo-lhe os raminhos secos, na esperança de que refilem. Rego-a com maior abundância. Adubei-a. Tenho fé de que sobreviverá.
Mais ingrato e brincalhão, trocando-me as voltas todos os anos, o damasqueiro (estes dois troncos à direita da foto) nega-me sempre os seus frutos. Aparecem como que por encanto, já grados, mas ainda verdes. Vem a mosca e vai disto. Pica-os de tal maneira que, quando dou por isso, já os damascos se desvanecem na sua podridão. Este ano, tive uma surpresa. No momento em que plantava estes pequenos montículos de flores, eis senão quando, caído do céu, aterra a meu lado um damasquinho, lourinho, com ar apetitoso. Apenas uma pequena parte consumida pela picada da mosca. Nem hesitei! "É hoje que te vou provar o sabor", disse para comigo, já com ele na mão. Garanto-vos: valeu a pena esperar! Era uma doçura! São estes pequenos "prémios" que me dão alento. Assim como que a provar que os meus cuidados diários na quinta também dão frutos.
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