24 setembro 2006

deu-lhe a "mangra"?


As minhas uvas, este ano, foram bem ingratas! Foi a primeira vez que as sulfatei, que lhes dei mais cuidados e em vez de virem bonitas e viçosas, não! Estão raquíticas. Nem parecem uva americana. Senti-me culpada e desabafei com um colega, acostumado a estas coisas da agricultura, se não teria sido excesso de sulfato. Nem pensar, respondeu. Quanto mais melhor. A justificação descansou-me um pouco: é que "este ano, deu muita mangra na uva", como me explicou. Sei lá o que é a mangra! Nunca tinha ouvido o termo, sequer! Pelos vistos é doença.
Minha mãe, que sempre que cá vem me diz com ar quase dorido de pena, "tens de tratar da tua vinha", se viesse agora cá a casa ficaria desolada com o resultado do "tratamento" que lhes dei. A verdade é que a vinha dela está bonita. Será que teve sorte em não ter sido vítima da "mangra", ou terei sido mesmo eu a não saber tratar da vinha?

3 Comments:

Blogger anete joaquim said...

Minha mãe, quando lhe coloquei a questão, disse logo: "Deves ter sulfatado já muito tarde!". Dedinho de mãe! Sabe tudo! Pois deve ter sido isso mesmo. Não usei o sulfato logo que ela mo deu. Para o ano já sei. É fazer quando ela diz!

26/9/06 09:11  
Anonymous Anónimo said...

Visitantes Indesejados



Os agricultores lidam com toda a espécie de obstáculos, mas nunca se deixam desanimar, quer sejam assolados por secas, tempestades ou guerras. Só existe uma coisa que pode vencer até o espírito mais persistente: o ataque implacável da doença da vinha.
São poucos os que resistem à visão desoladora das suas culturas, produto de décadas de trabalho árduo, completamente destruidas...



Dois “visitantes” tão terríveis no espaço de menos de um quarto de século, poderiam certamente ter posto fim à produção do vinho na Madeira: a Mangra (oïdium Tuckeri) em 1852, destruiu 90 por cento de toda a produção vinícola da Ilha, e a Filoxera (phylloxera vastatrix ) trazida em 1873 do Novo Mundo (América). Foi graças à coragem, visão e devoção de alguns mercadores ingleses instalados na Madeira, em particular Thomas Leacock e Charles Blandy que a indústria do vinho não caíu numa profunda e, quem sabe, irreversível apatia. Thomas Leacock é lembrado especialmente pelo seu empenho e sucesso na introdução de vinhas americanas mais profilácticas e resistentes à doença.

27/9/06 12:37  
Blogger anete joaquim said...

O que eu aprendo com este blog! Obrigada! Quanto a "visitantes indesejados", só se forem a mangra e a filoxera!
A propósito, agora já compreendo de onde vem a expressão, muito usada no Continente, "estás com a filoxera?", dita a alguém que está de mau humor, irritada ou deprimida. Também se diz "deu-lhe a filoxera!" quando nos referimos a alguém que parece ter endoidecido, que está histérico, muito agitado.

27/9/06 23:41  

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