25 agosto 2006

o sonho saíu à rua num dia assim




Estas visões fazem-me recordar uma canção dos tempos da revolução que dizia "O sonho saíu à rua num dia assim".

Acho mesmo que foi. A manhã está linda aqui na quinta. O dia cálido, com o sol ainda manso. Não se ouvem vozes. Apenas o chilrear dos pássaros, o zumbir da abelhinha que veio beber nas gotas das folhas acabadas de regar, o restolhar das folhas secas sob a passagem da lagartixa que por mim passa sem temor. Até mesmo um gafanhoto, verdinho, bem verdinho, normalmente silencioso, se fez ouvir esta manhã. Esbracejava aflito, preso numa das teias de um dos filhotes de Arabela. Antes que fosse apanhado, soltei-o dos fios traiçoeiros. Um dia assim não é para se morrer a não ser de felicidade!

Adoro o contraste sombra-sol destes dias. Os espaços, as flores, as pedras ganham uma nova dimensão.

Só que, ao longe, sobre o mar, se adivinham mudanças. As ondas encapeladas, alvas, não enganam ninguém. Vem aí o leste! Espero que passe ao largo. Leste é tempo mau. Traz secura própria a incêndios e um vento que os espalha ainda mais. Mata-me as flores. Tira-nos o ar. Não gosto!