24 agosto 2006

Grande barafunda

Meu filho mais novo tem um novo apartamento e para não se gastar dinheiro agora, mobilámo-lo com móveis cá de casa. Basicamente, dei-lhe a mobília que era do seu quarto de solteiro, a minha mesa e cadeiras da sala de jantar - há muito que sonhava ter uma mesa rectangular e aquela era redonda - e o meu sofá de dois lugares. Com mais uns pormenores, a casa dele ficou praticamente montada. Por mais incrível que pareça, aquelas poucas peças que lhe dei fizeram com que a minha casa virasse uma barafunda.
A coisa, dita, até que é simples. O quarto que era dele em solteiro ficou vazio. Vazio é como quem diz. Ficou apinhado com as roupas que eu já não usava e que, entretanto, tinha guardado na cómoda e roupeiro dele e com aquelas pequenas tralhas que ele deixara para trás quando se fora.
Mas enfim, o quarto estava vazio. Sem função. Decidi transformá-lo num escritório mais digno e reservado do que o que tinha até agora. A primeira coisa a fazer era libertar o quarto das tralhas e roupas que enchiam o chão. Para que as roupas voltassem para o meu roupeiro tive, primeiro, que o esvaziar.
Fiz uma "limpeza" drástica às minhas roupas e resolvi que era hora de dar tudo o que já não usava há mais tempo. Tarefa difícil para mim, que vou guardando tudo, sempre à espera do dia em que aquelas coisas sejam necessárias. Impiedosamente, fui enchendo sacos e sacos com roupa para dar, tentando minimizar o desconforto que isso me suscitava, com a consolação de que iriam ter melhor destino na posse de alguém que delas necessitasse.
Retirei o resto das coisas que ainda restavam no quarto que queria transformar para outro dos quartos - que ficou numa confusão - e comecei a criar o escritório. Trazer o armário biblioteca do antigo escritório, a mesa do computador e um outro armário pequeno foi o mais fácil. O difícil foram os quilómetros que percorri a trazer livros e papelada para o novo local.
O escritório estava pronto.
Chegara a hora de resolver a falta de mesa e cadeiras da sala de jantar. Pintei os pés de uma mesa que outrora fora de tampo de vidro e que estava meio abandonada no quintal e, com a mesma cor, pintei as partes metálicas das cadeiras que antigamente faziam jogo com essa mesa. Faltava o tampo. Mandámos cortar uma tábua do tamanho que se pretendia para a nova mesa, lixámo-lo, pintámo-lo e a nossa mesa de jantar ficou, finalmente concluída. Linda!
Já que estávamos com "a mão na massa" e para que a coisa não ficasse pelo meio, decidimos que a sala precisava ser repintada. Demos-lhe um toque de cor aqui e ali, as cortinas foram mudadas e a nossa salinha de jantar ganhou uma nova dimensão. Menos um problema!
A coisa não ficou por aqui. O antigo escritório ficara vazio. Resolvi transformá-lo numa salinha de som. Trouxe os cadeirões de vime que entretanto estava a usar como substitutos do sofá que dera ao meu filho, mudei para lá uma estante que, no corredor, só me servia para ter bibelots, troquei as cortinas e o tapete, dei-lhe os retoques decorativos acessórios e a salinha para ouvir música apareceu toda linda.
Só que a mudança dos cadeirões tinha deixado a minha sala de estar sem sofá. Andámos uns dias a usar os pufs, mas a situação não podia durar muito tempo. Pelo menos para mim. Gosto das coisas no seu devido lugar. Ainda fomos ver preços de sofá, mas não era hora para gastar tanto dinheiro. Lembrei-me que tinha na loja um estrado da minha cama de solteira (imaginem!) e um colchão que há muito não era usado. Nem mais! Com um bocado de tecido fiz um rolo e enchi-o de esferovite e as costas do novo sofá ficaram que nem ginjas! Cobri tudo com uma manta rústica e resolvi, pelo menos por enquanto, o problema da falta de sofá. Está super confortável, garanto-vos! Tanto que nem pensamos mais em comprar sofá tão cedo. Um dia destes tenho é de dar uma nova pintura no estrado, colocar um forro na parte de baixo e decorar a parte de cima com o mesmo tecido. Um dia destes!
A mudança não estava terminada. Faltava resolver a confusão em que tinha ficado o meu quarto de costura, pejado com as tralhas que fora retirando dos quartos já arranjados. Hoje, já está tudo mais ou menos no seu lugar, mas só nessa missão gastei mais do que um dia.
Com a saída da estante para a salinha de som o corredor, entretanto, ficara meio "despido". Nada que saber! Voltei a lá colocar o armário que o decorara durante anos e que passara para o pequeno corredor das casas de banho e a entrada da casa voltou à dignidade de outros tempos. O que falta ainda é suprir a ausência que esse armário agora faz junto das casas de banho. Coisa fácil.
A próxima etapa é deitar fora uma série de papeladas que guardo há anos e que me estão a ocupar espaço nas prateleiras do quarto de costura e no armário biblioteca e decidir o que fazer com as tralhas que meus filhos deixaram para trás e que me dizem já não querer. "Deita tudo fora", dizem eles, mas eu não me fio. Podem lá estar coisas que eles nem recordam e que podem estar cheias de recordações dignas de serem guardadas. Tenho de as ver uma a uma, não vá desfazer-me de coisas essenciais para eles (ou para mim).
Não será hoje, garanto-vos! É que ando nestas "pequenas" mudanças há perto de duas semanas. Já não posso com tanta confusão. Minha mãe, com algum espanto, pergunta-me que tanto tenho para arrumar. Se ela cá tivesse vindo nestes dias haveria de perceber.
Nestes últimos quatro anos tive de mudar a casa três vezes. Uma de cada vez que um dos meus filhos saíu e mais esta, provocada pelo novo lar de meu filho mais novo. Só espero que não saia mais ninguém cá de casa. Se isso acontecer, garanto-vos: saio eu, de seguida. Vou para um apartamento pequeno e onde não entre mais ninguém a não ser eu. Assim, só mudo a casa consoante o meu humor.
E, perguntarão vocês, que tem tudo isto a ver com o meu jardim de pedra, físico e em blog? TUDO! No blog já devem ter notado o impacto. Basta ver as postagens que não fiz neste tempo todo.
Pois bem! Imaginem como é que está o jardim! As ervas daninhas estão danadas de contentes com a minha ausência. As folhas que entretanto caíram devem ter virado fósseis. A minha dália pom-pom cresceu até dizer chega e está a precisar de espaço à volta. Logo, tenho de arrancar uma série de plantas que a rodeiam. Os vasos das prateleiras que cairam continuam à espera de local próprio. A cevadilha da entrada anda a invadir a estrada. Cada camião que passa esbarra nos seus ramos. Tenho de a podar.
Só nestas pequeninas coisas tenho lá fora trabalho para mais uns bons dias. UFA! Perdoem-me se cá não voltar tão cedo! Mas tenham fé: mais dia, menos dia, tudo volta ao normal!
Espero que o computador também. É que, pelos vistos, houve ALGUÉM que andou para aqui a fazer umas mudanças e não consigo colocar fotos nesta postagem!...
SOCORRO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Ainda dou em maluca!

2 Comments:

Blogger Jomal said...

Parabéns, Anete, assim nos proporciona um belo tratado de 'economia doméstica'!

24/8/06 15:09  
Blogger anete joaquim said...

Pois é! Já os meus filhos se admiravam com a capacidade que tenho de renovar a casa de cima abaixo sempre com os mesmos móveis. É só pintar alguns, mudar algumas cortinas e acessórios, fazer novas combinações e pronto! Depois, se há lojas onde gosto de entrar são as de ferragens. Dão-me ideias geniais. Um dia destes ensino-vos a fazer mesas e móveis de uma forma bem simples. Como exemplo, podem ver a mesa branca que aparece neste blog, numa postagem sobre o tempo. Fui eu que a concebi e concretizei. Tem a vantagem de poder ser transformada noutros móveis. Um dia destes exemplifico.
E depois, jomal, como dizia o outro, "a necessidade aguça o engenho". Quando o dinheiro não dá para sonhos há que concretizá-los com o que temos à mão. Ou com as nossas próprias mãos. Graças a Deus, as minhas sabem trabalhar.

24/8/06 17:39  

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