11 outubro 2006

Outros pedregulhos

Os Estados Unidos vão construir um muro na fronteira com o México, para impedir a imigração ilegal. Por razões diferentes Israel já tem o seu. Com a invasão a que está a ser sujeita, daqui a nada temos um muro gigantesco à volta da Europa toda.
Onde anda a alegria que nos invadiu quando, em 1989, caíu o Muro de Berlim? Já não temos vergonha dos muros? Que raio de mundo queremos ter?

********estrelinhas em falta neste mundo************

Há dias vi uma reportagem televisiva sobre a imigração ilegal em que responsáveis da Espanha reconheceram que foram os seus desempregados que lhes permitiram a candidatura a fundos comunitários para construir, designadamente, umas certas estufas... que só funcionam agora com mão-de-obra ilegal africana!!!!! Segundo a mesma fonte, a lei espanhola não permite que essas funções sejam exercidas por pessoas qualificadas... que continuam desempregadas.
Então, se precisam desses ilegais, por que não os legalizam e dão mais direitos? A situação é idêntica em Inglaterra, em Portugal e noutros países. Os próprios portugueses emigrados experimentaram essa sensação de exploração na sua própria pele.
Isto, a mim, cheira-me a um novo tipo de escravatura, que está a dar jeito a muita gente.
Com um risco: é que a escravidão gera sentimentos de revolta. Esperemos que nunca venhamos a ter saudades do actual terrorismo!

***** estrelinhas para cima dos novos escravos*******

Ainda se lembram das campanhas contra a compra de produtos vindos de países asiáticos que exploravam os seus trabalhadores? De repente essas campanhas passaram à História e descobriu-se que, afinal, até era um bom sistema. Um filão! Vai disto, toca a deslocalizar empresas para esses países ou outros com as mesmas características, como os de Leste, que acabaram de entrar na União Europeia. Toca a importar em massa desses produtos mais baratinhos. Dão mais lucro! Para trás ficaram os desempregados nacionais e sectores produtivos destruídos.
Um dia destes veremos a China a lançar campanhas contra a compra de produtos portugueses, de baixo custo... à custa da exploração laboral! Eles até copiam tudo! ...

****ainda há estrelinhas?

Anda tudo a cramar contra a falência da Segurança Social. Há mais velhos do que activos, alegam. É verdade! Mas onde anda o dinheiro que sobrava dos descontos, quando o número de activos era muito superior ao dos reformados? Puxa! Não foi há muito tempo que se deu esta evolução!
Solução: pôr todos a trabalhar mais anos. Tem duas vantagens. A primeira é que os descontos dos que estão no activo há mais tempo são maiores. Ganham mais. A segunda, é que, assim, limita-se a entrada dos jovens no mercado laboral. Quando têm a sorte de entrar até ficam contentes por serem explorados. É verdade que os seus descontos para a Segurança Social são menores, mas que importa? É menos salário que se lhes paga. Mais lucro para os patrões. Competitividade, dizem eles!
Pois, e andam os velhos dos pais a trabalhar até morrer para não só garantirem a sua sobrevivência e reforma, como para continuar a apoiar filhos de 30 e 40 anos, que não ganham o suficiente para serem autosuficientes. E que, provavelmente, com os descontos que estão a fazer agora, não vão ter, de facto, possibilidades de chegar a velhos com reformas.


Vou plantar batatas! Estas coisas põem-me doente e ao menos no jardim construo o mundo lindo que gostaria de ter! Já perceberam porque é que também tenho um blog? É para tentar espalhar um pouco desta beleza. Infelizmente, isso não faz com que as coisas ruins do mundo desapareçam. Invadem-me todos os dias. Daí estes desabafos!

Voltemos às flores! Não há estrelas que cheguem!!!

1 Comments:

Blogger Ana Ramon said...

Independentemente da justeza da tua revolta, faz-me pena querer olhar para o teu jardim e ver as portas cerradas. Podias gritar tudo isso no meio das tuas flores, para a Natureza se transtornar contigo, ao mesmo tempo que não negavas o consolo de ver uma rosa a desabrochar ou o prazer de absorver o aroma de uma flor madura. É um jardim de pedra que neste momento só revela as pedras, ou melhor, os pedregulhos. Mostra-nos as flores também. Um beijinho

11/10/06 23:21  

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