aranha negra

"Credo! Pega numa vassoura e mata-me aquela aranha!"
Era o mínimo que minha mãe diria, se cá viesse e visse esta aranha e sua enorme teia pregada na tangerineira.
Alguma razão tem a mamã! Na opinião dela, as aranhas acabam por danificar as plantas onde se instalam.
Não acredito que tenha sido isso que deu cabo da tangerineira. Há uns anos que anda com a "doença da tristeza" e foi ficando com alguns ramos mais duros e secos. Sobrevive, mas vai dando cada vez menos frutos.
Assim sendo, que mal faz a aranhinha? Olhem só a beleza da teia, brilhando ao sol! Vêem? São aqueles tracinhos brancos, em círculo, contra o céu.
Tenho medo destas. Não fazem mal nenhum, mas a sua negritude, manchada no dorso com um conjunto de pintas brancas não me inspira confiança.
Há uns anos atrás, estava eu sentada no sofá da sala e meu filho mais novo dá um pulo na minha direcção e agarra uma aranha destas que estava a subir pelo lado de fora do sofá. Ficou ali, com ela apertada na mãozinha (ele tinha aí uns nove anos) a anunciar-me calmamente que tinha apanhado uma aranha.
Desatei aos gritos e aos pulos, completamente histérica, em frente dele. "Deita fora! Deita fora!"
Admirado com o meu pânico, (ele nem tinha medo de aranhas), abriu a mão ao mesmo tempo que projectava o bicho para o chão. Claro que nem lhe dei tempo para refazer-se da queda. Pisei-a logo. Foi desta para melhor.
Lá expliquei ao miúdo que há aranhas que fazem mal. Que aquela, provavelmente, não o faria, mas, à cautela, era melhor não lhes mexer.
Respondeu que não tinha medo, mas lá confessou: "Oh! mãe. Senti assim uma espécie de nojo, quando ela estava na minha mão!"
Ainda hoje não tem medo de aranhas. Parece-me é que já não as agarra!
Acho que traumatizei o puto!