24 outubro 2006

o sol, quando nasce...




... é para todos? Pelos vistos não! Só o Funchal parece ter uns pequenos raios de sol a iluminá-lo. O resto é negro!
O dia amanheceu de luto. Parecia um presságio! As mortes aconteceram na parte da tarde. É daquelas notícias que detesto escrever. Dois turistas perderam a vida na Madeira, quando apreciavam um dos mais belos cenários da ilha: o conhecido Véu da Noiva, uma queda de água que cai de uma falésia enorme sobre o mar, passando como uma cortina sobre uma pequena estrada cortada na falésia. O carro foi apanhado por uma derrocada e arrastado para o mar de uma altura de 50 metros.
Fica aqui o alerta: a Madeira é linda, mas tem os seus perigos. Poucos seriam os madeirenses que se atreveriam a passar por aquela estrada com um tempo destes. É uma via praticamente abandonada. Paralelamente, existe uma estrada nova, em túnel, mas a tentação de apreciar o aspecto selvagem da paisagem faz esquecer o risco que se corre. O calor que ainda se sente, o vento que se seguiu e a chuva que ontem caíu tinham todos os ingredientes para provocar uma derrocada numa falésia que é impossível consolidar na totalidade. Aquela queda de água, ao passar na falésia, vai trazendo consigo as pedras soltas que encontra. O calor dilata, parte e solta as pedras. Quanto maior é o volume de água, maior o risco, entendem?
Ontem, por um triz que não tivemos de noticiar também a morte de um ou mais jornalistas que faziam a reportagem no local. Tínhamos acabado de recolher os elementos necessários quando uma pedra caíu sobre o tripé da máquina de uma das televisões. Foi um susto valente!
Quando vierem à Ilha, antes de irem passear em carros alugados, tenham o cuidado de perguntar quais os riscos dos sítios que querem visitar. De preferência, aluguem um táxi ou integrem-se numa excursão. São profissionais que conhecem bem a Ilha e vos levarão em segurança. Os microclimas da Ilha fazem com que saiamos do Funchal com bom tempo para, pouco depois, nos podermos ver envolvidos em denso nevoeiro, característico de determinadas zonas. Não conhecer a estrada é arriscar-se a um acidente.
As lindas e tão promovidas levadas, por exemplo, têm vários níveis de risco. Em algumas só se deve passear com guias especializados. Foram construídas à beira de abismos e basta escorregar para se perder a vida. Ir em busca de socorro, por vezes, demora horas.
Não se aventurem por sítios que desconhecem. Muitos turistas têm morrido nessas levadas.
Há dois anos um turista francês andou perdido durante uns dois dias no meio da serra. Estava bem próximo de uma localidade, mas deve ter andado às voltas no meio da floresta e não encontrou o rumo certo.
Acontece com os próprios madeirenses! O meu filho mais velho, apesar dos muitos avisos que lhe faço, caíu o ano passado numa falésia. Foi urinar num sítio que lhe pareceu firme, a terra abriu-se sob os seus pés e lá foi ele por ali abaixo. Foi uma queda livre. Só parou 60 metros abaixo, porque ficou pendurado num ramo que saía paralelo à falésia. Era a única árvore que ali havia! Dali para baixo eram mais 20 metros em queda livre. Esteve duas horas pendurado até ser resgatado pelos bombeiros. Nenhum dos amigos com que estava o viu cair. A sorte foi ter telemóvel (e haver rede na zona). Foi um milagre, mas estes raramente acontecem!
Lembrem-se! A Ilha parece pequena e inofensiva, mas nem sempre é assim! Muito menos com este tempo!

2 Comments:

Blogger Pu2 said...

Quase: Caí 80, tinha 400 para baixo e fiquei lá pendurado 5 horas e tal (das 4 às 9h30).
A ilha não é inofensiva não senhor...

24/10/06 19:47  
Blogger anete joaquim said...

Com que então andaste a ocultar-me esses factos este tempo todo, hem?! Mas olha, que importa a distância e o tempo agora? O que interessa é que estás vivo. E não me venhas já com publicidade "cubana"! Esta é uma ilha tipo mulher fatal. Tem os seus encantos e os seus desafios...

25/10/06 00:31  

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