malvas

A malva roxa acordou hoje a chorar, mas deve ter sido de alegria. Guardava, ainda, uns resquícios do orvalho ou, quem sabe, das últimas gotas com que foi ontem regada. Além disso, quem iria acreditar que se pudesse acordar a chorar com estes carinhos do sol a bater-nos na cara? Não! Decididamente, a malva acordou feliz!

Que o diga a sua irmã, rosa forte! Ali está ela, toda empertigada, quase que atrevida mesmo. Não quis perder nem um dos raiozinhos da manhã. Sacadiu as pétalas, enxugou as gotinhas de água que ainda restavam, não vá o sol aproveitá-las para lhes marcar a pele. Sim senhor! Que julgam? Gotas de água sobre as plantas é dano certo. Funcionam como lentes e vão produzindo manchas nas folhas. O que é que julgam? Que isto não tem a sua ciência? Que é só regar sem olhar para onde? Não senhor! Ontem, ao regá-las, lembrei-me disso, mas era à tardinha e pensei que a noite desse para eliminar toda aquela água.

Elas lá se desenrascam!

Vejam lá se a malva vermelha, junto à rede, bafejada pelos primeiros raios, não está ali toda feliz da vida, a aquecer as folhinhas, as pétalas, o corpinho todo!