Hoje tive um início de dia fabuloso! Diria mesmo que original! Coisa para recordar por muito tempo! Para contar aos netos (só se for dos outros!)!
Pois bem! Estava eu bem sentadinha no meu "trono", na compenetração das minhas necessidades fisiológicas, eis que sou surpreendida por um som cristalino, de vidros a se partirem. Pirimpimpin, tlin, pim-pim, tlinpintlin...
Verdade! Foi mesmo assim que soou.
Pareceu uma eternidade de vidros que nunca mais acabavam de se partir.
Deixei-me ficar sentadinha na sanita (ao menos ali estava segura!) a tentar perceber que raio de parte da casa se estava quebrando daquela forma. Além disso, à cautela, só me mexi quando tive a certeza de que "a coisa" tinha parado. Sabe-se lá! Bem que poderia vir pedra a seguir!!!!
Lá me levantei, calças pelos tornozelos (imaginam a cena?) e chamei: "Paulo?!?!"
Não houve resposta. Comecei a imaginá-lo a esvair-se em sangue, todo coberto de vidros. ("dramática", diriam os meus filhos).
Ouvi um som e percebi que vinha da cozinha.
Quando lá cheguei eram só vidros partidos pelo chão todo! Ele, de olhar meio aparvalhado, a tentar perceber como é que aquilo tinha acontecido e, ao mesmo tempo, transtornado pela quantidade de copos que, nuns segundos, tinham ido para melhor vida. Bateu o seu recorde! Tanto cuidadinho que tem quando lava a loiça! Partiu mais copos hoje do que na vida inteira!
So me preocupava em olhar para ele, a tentar visualizar algum golpe. Nada! Estava tudo bem.
Bem! Bem não estava tudo! Os copos que o digam! Dos cerca de trinta sobraram seis.
Ele lá explicou que a cristaleira tinha tombado. Ainda teve tempo de lhe deitar a mão para não deixar cair o móvel. Com os copos não teve a mesma sorte. Sobraram alguns, vá lá, mas, que diabo, eram simples copos de ter a uso todos os dias. Meia dúzia de tostões! Ainda pensei que as prateleiras de vidro também tinham caído, mas não. Como que por milagre aguentaram-se no sítio. Fiquei toda contente! Do mal o menos!
Ele ali continuava, todo triste, a tentar apanhar os cacos.
"Desanda!", disse-lhe com ar enérgico. "Não te preocupes mais com isso! Já estão partidos, nada podes fazer. Eu limpo! Não percas o autocarro!"
Ele lá saíu, mas eu, já no remanso da "coisa", comecei a pensar se essa história do "mau olhado" teria alguma razão de ser.
Que diabo! Uma pessoa pode não crer em feitiços, mas com tanta coisa que de repente nos cai em cima (mais os copos), já dá para desconfiar!...
Por via das dúvidas fui buscar os meus incensos de reserva. À cautela coloquei um pauzinho de cada. Um de mirra, para chamar a fortuna, de canela, não sei para quê e mais dois outros que nem vi o nome. Senti que a paz começava a entrar na minha vida. (Estou a brincar, mas o cheirinho que empestou a casa foi de morrer!)
No meio da desgraça toda, sempre houve coisas positivas: o meu homem estava inteiro; o mesmo aconteceu com as prateleiras de vidro; sobraram copos que dá para uma semana (um por dia, partilhado pelos dois, eheheeh!) e AINDA POR CIMA, descobri o sal da Toscana que minha irmã me tinha trazido de uma das suas viagens e de que nunca mais me tinha lembrado.
Moral da história: há males que vêm por bem!
Vão-se os copos! Que fique o vinhito! Tintinho, de preferência!